Cobogó: talvez você nunca tenha ouvido esta palavra, ou não saiba o seu significado. Mas com certeza, em algum momento, se deparou com este elemento arquitetônico em alguma edificação.
Trata-se de um bloco vazado que, segundo Borba (2012), foi inventado por dois comerciantes e um engenheiro, em Recife, no início do século XX. O curioso nome vem da união das iniciais dos três inventores: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernst August Boeckam e Antonio de Góes, sendo “co” de Coimbra, “bo” de Boeckam e “gó” de Góes. (Vieira, 2012)
Inicialmente, os cobogós eram fabricados em cimento. Atualmente, existe uma enorme variedade de modelos, fruto do desenvolvimento de novas técnicas, aplicação de novos materiais (como cerâmica, argila e vidro) e criação de diferentes formatos e cores.
O assentamento do cobogó se dá de maneira parecidíssima com uma parede em tijolos aparentes. No entanto, como o bloco vazado é um pouco mais frágil que o tijolo, é desejável que se instale, a cada três fileiras de cobogós, uma barra de ferro fixada à parede, à base ou alguma outra estrutura.
Apesar do assentamento parecido, o efeito criado pelos cobogós é bem diferente da parede de tijolos. O produto brasileiro, que considero um dos elementos construtivos mais charmosos na arquitetura, é uma incrível opção de composição arquitetônica, permitindo a entrada de luz solar e ventilação natural, ao mesmo tempo em que garante uma certa privacidade aos ambientes.
As pequenas aberturas nos blocos criam adoráveis desenhos de luz e sombra e, apesar de permitirem a visão do outro lado quando em pequenas distâncias, barram grande parte da visão quando em distâncias maiores, sendo consideradas uma excelente alternativa para aqueles que buscam um ambiente agradável, sem abrir mão da privacidade.
Casa Cobogó, de Marcio Kogan. São Paulo, Brasil. Foto: Nelson Kon.
Grandes arquitetos, como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, utilizaram o cobogó em suas obras. O exemplo abaixo, obra de Lúcio Costa no Rio de Janeiro, mostra o efeito criado no edifício, interna e externamente.
Parque Eduardo Guinle, de Lúcio Costa. Foto: Nelson Kon.
Parque Eduardo Guinle, de Lúcio Costa. Foto: Nelson Kon.
Outra função dos cobogós é a composição decorativa. Capaz de delimitar espaços com delicadeza, o elemento vazado é uma ótima opção também para ambientes internos.
Cobogó Manuffati, modelo Margarida.
Aplicação Cobogó Manuffati, modelo Margarida.
Espero que gostem de conhecer um pouco mais sobre esse elemento simples e versátil!
Um abraço,
Renata Lafetá
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Referências:
VIEIRA, Antenor; BORBA, Cristiano; RODRIGUES, Josivan. Cobogó de Pernambuco. Recife, 2012.
Imagem em destaque: Casa Cobogó, de Marcio Kogan. São Paulo, Brasil. Foto: Nelson Kon.
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