Metrô de Belo Horizonte: Uma Solução Estratégica para a Mobilidade Urbana

Introdução:

A concepção do projeto de expansão do metrô de Belo Horizonte teve origem durante minha estadia em Barcelona, entre 2006 e 2008, período em que realizei meu mestrado e atuei na Europa. Minha vivência internacional, somada à análise arquitetônica e de infraestrutura em várias cidades europeias, proporcionou uma perspectiva abrangente sobre a mobilidade urbana.

Contexto Comparativo e Necessidade de Infraestrutura:

A comparação de indicadores entre o Brasil e outras nações ressalta a carência de uma infraestrutura sólida e eficiente. Minas Gerais, embora seja um estado, possui uma área similar à países como a Espanha ou a França, porém sua densidade populacional e carga tributária justificam a demanda por melhorias na mobilidade urbana.

• Minas Gerais (Brasil): Aproximadamente 586.528 quilômetros quadrados.
• Espanha: Aproximadamente 504.029 quilômetros quadrados.
• França: Aproximadamente 551.695 quilômetros quadrados.

Exemplo Europeu e Reflexões:

A transformação de Barcelona com a realização das Olimpíadas de 1992 destaca a eficácia de investimentos estratégicos em infraestrutura. Em contraste, a situação brasileira reflete negligência, instabilidade política e falta de engajamento cidadão. Os resultados dos mega-eventos, como a Copa do Mundo, foram insuficientes diante das consequências financeiras. Como se diz popularmente: Perdemos o bonde.

Desafios e Complexidade da Implementação:

O projeto de metrô enfrenta desafios, mas sua necessidade é inquestionável. A infraestrutura é um investimento social e econômico. Túneis avançados, como o Canal da Mancha – implementado a 45 metros sob o solo do mar, demonstram a viabilidade técnica para soluções complexas. O planejamento envolve fatores geográficos, geológicos, sociológicos e orçamentários, com avanços tecnológicos como as tuneladoras aprimorando a eficiência.

Planejamento e Estrutura do Projeto:

O planejamento desta proposta para o metrô de BH considerou dados cartográficos, topografia, densidade populacional e fluxos atuais do sistema de transporte – pesquisa origem-destino. A distância entre estações foi otimizada para acessibilidade. Uma recomendação é a implementação progressiva, partindo do centro e expandindo gradualmente as linhas em direção aos bairros.

Solução Estratégica – Escala de Investimento:

Uma análise comparativa das cidades destaca a necessidade de investimento em mobilidade. Embora custoso, o metrô gera empregos, estimula a economia local e alivia o trânsito. O financiamento de um projeto deste porte demanda mobilizar sociedade, governos federal, estadual e municipal, bem como a iniciativa privada.

Custa muito caro implementar uma rede de metrô de qualidade. A longo prazo, custa muito mais caro não fazê-lo.

Contribuições Atuais do Metrô:

Os números atuais do metrô de BH comprovam sua eficiência e potencial. O transporte metroviário é uma necessidade urgente e uma alavanca para a economia. Embora exija maior organização, recursos financeiros e planejamento entre governo, população e iniciativa privada o metrô se mostra um investimento mais sólido, como é possível ao analisarmos a capacidade de transporte de passageiros de diferentes modais:

• Metrô: Pode transportar milhares de passageiros por hora em cada direção (até 50.000 ou mais).
• Ônibus: Capacidade de transporte por hora por direção: Cerca de 2.000 a 3.000 passageiros.
• Trem de Superfície (Trem Urbano): Capacidade de transporte por hora por direção: Varia entre 5.000 a 10.000 passageiros.
• BRT (Bus Rapid Transit): Capacidade média de transporte pode variar, mas pode ser em torno de 2.000 a 15.000 passageiros por hora por direção.
• VLT (Veículo Leve sobre Trilhos): Capacidade de transporte por hora por direção: Cerca de 4.000 a 8.000 passageiros.

Conclusão:

O metrô de Belo Horizonte representa a solução estratégica para a mobilidade urbana, baseada em referências internacionais, análise comparativa e necessidades locais. Seu planejamento abrangente, embora desafiador, é fundamental para promover o desenvolvimento sustentável da cidade. Cabe ressaltar que desde a primeira vez que este estudo foi divulgado, em 2008, se passaram 15 anos e o metrô de Belo Horizonte não ampliou sua linha nem 1 metro. Seguimos assistindo o tempo passar sem prover nossa cidade da infraestrutura necessária para garantir sua prosperidade e bom funcionamento.

Renato Melo.

Arquiteto e Urbanista

Mestre em Projetos de Arquitetura pela Universidade Politécnica da Catalunha (Barcelona, Espanha).

Contatos: info@renatomelo.com | +55 31 25118920 | website: www.renatomelo.com

Mapa da linha atual e linhas planejadas: https://www.cbtu.gov.br/index.php/pt/mapa-da-linha-bh

Link para download deste projeto em PDF: https://renatomelo.com/wp-content/uploads/2016/05/08004-BH-Metro-Belo-Horizonte-Renato-Melo-V6.pdf

Link para download deste projeto em JPG: https://renatomelo.com/wp-content/uploads/2023/08/08004-BH-Metro-Belo-Horizonte-Renato-Melo-V1.jpg